Na primeira grande entrevista como jogador do Braga, Fransérgio falou do passado, mas também de um futuro "ambicioso". O médio também quer lutar pelo título
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Fransérgio fez uma pausa nas férias que está a passar no Brasil para ter uma longa conversa com O JOGO, em que garantiu "confiança e motivação" para o desafio que se segue
Por que assinou pelo Braga?
-A estrutura do clube é muito grande... E depois há o presidente António Salvador. Quando nos encontrámos pela primeira vez, ele disse-me: "Quero montar uma equipa jovem, mas experiente, com gente que conhece bem o campeonato. Temos um projeto muito ambicioso para este clube, vamos chegar longe". Foi ele que me convenceu.
António Salvador tem o sonho de ser campeão nos próximos quatro anos. Isso é mesmo possível tendo em conta a força de Benfica, Sporting e FC Porto?
-Mas essa força não ganha jogos. Não é por se ter mais dinheiro ou adeptos que se vencem os jogos. Pode ajudar, mas não é o fator mais importante. Se tivermos um bom grupo, se formos uma família no balneário e tivermos qualidade - e isso há - podemos chegar longe.
Mas assumir esse objetivo não é colocar ainda mais pressão nos jogadores?
-Não acho. No Braga tem de haver essa pressão. Aliás, mais do que pressão, essa vontade serve para motivar as pessoas que trabalham no clube. Queremos ser grandes e há que assumir isso. Nos últimos anos, o Braga esteve sempre entre os primeiros classificados, ganhou taças, fez boas campanhas na Liga Europa, e se o presidente assume a vontade de ser campeão, os jogadores têm de o seguir. Vamos tentar que isso aconteça já esta época, mas se não conseguirmos continuaremos a tentar nas próximas. Tem de ser este o espírito.
E os adeptos não podem começar a exigir mais do que aquilo que a equipa pode dar?
-Aproveito a oportunidade para pedir aos adeptos para terem um pouco de paciência. Pelo que vou lendo, vai mudar muita coisa no plantel. Já está a mudar... Sei que é difícil pedir-lhes paciência depois de uma época menos boa, mas não há outro caminho. Eles têm de ajudar este grupo, que vai ter muita gente nova, e até o míster Abel. Pela qualidade que os jogadores têm, quando as peças começarem a encaixar os adeptos vão ver que valeu a pena ter paciência.
Já teve oportunidade de falar com Abel Ferreira?
-Falei com ele quando estive no clube, conversámos um pouco. Percebi que ele é um treinador que quer muito, é novo, e está com uma enorme vontade. Só pelo olhar, percebi que ele está querendo muito... Por ele, nem havia férias, a época começava logo naquela altura.
No sistema do Abel só costumam caber dois médios. Como vai ser?
-Já há algum tempo que não jogo só com dois médios; no Marítimo jogávamos sempre com três. Tenho de apanhar rapidamente as ideias dele.
A concorrência num clube como o Braga costuma ser grande...
-E tem de ser. Mas aviso já: se não jogar, vou ser o mesmo de sempre; fui contratado para ajudar, e não para ter a titularidade garantida. Também sei que se não for titular logo no início, a minha hora acabará por chegar. Nessa altura, vou ter de estar preparado. Se ficar com azia, por eventualmente não ser titular, quando chegar o meu momento não vou estar pronto para corresponder. Por isso, vou dar sempre o máximo.
Chegou a ser noticiado, por mais do que uma vez, o interesse do Benfica. Existiu mesmo?
-Falou-se muito sobre isso, sobretudo nos jornais, mas nunca tive conhecimento de nada em concreto. Nos últimos tempos, o meu empresário chegou a conversar com o V. Guimarães. Eles mostraram interesse na minha contratação, mas eu preferi o Braga, por entender que tem um projeto mais ambicioso. Apesar da rivalidade entre os dois clubes, tenho um grande respeito pelo V. Guimarães e, sobretudo, pelo Pedro Martins, que foi o meu primeiro treinador na Europa. Fico feliz pela campanha que o Pedro fez, até porque não sou ingrato e recordo-me da forma como ele me ajudou quando cheguei ao Marítimo. Mesmo assim, o Braga está num patamar superior ao V. Guimarães.