
A equipa do Egito chegou de táxi...
Foto de José Carlos Gomes
Seleções equipadas como equipas de Fórmula 1 convivem com as que têm um Renault 19 ou um Egipto que chega de... táxi! Portugal faz boa figura.
O parque das equipas, em Ponferrada, é um mundo dentro de outro. Por vezes estranho, mesmo para quem acompanha o ciclismo, pois a presença de autocarros e camiões-oficina das equipas WorldTour, sempre imponentes, cria a sensação de não se estar numa competição por seleções. Um olhar mais atento ainda revela aparentes contradições, como a norte-americana Trek com bandeiras suíças, a Cannondale ao serviço da Eslováquia ou a BMC a preparar bicicletas de vários fabricantes. As equipas profissionais estão ali ao serviço das federações que as convidaram, em muitos casos as dos países dos seus principais corredores, daí a Trek apoiar o suíço Fabian Cancellara ou a Cannondale o eslovaco Peter Sagan.
Mas o caráter único de um mundial não se esgota no gigantismo das maiores equipas mundiais, inclui ainda o contraste com os meios de países sem estrelas, como Marrocos ou Albânia, apoiados por modestas carrinhas e esta última levando os corredores num muito antigo Renault 19. Mas ainda mais pobres são os que ficam obrigados a recorrer à ajuda da União Ciclista Internacional. Uma carrinha com a denominação de Centro Mundial de Ciclismo auxilia ciclistas de Brasil, Ruanda e outros países para os quais ter corredores no Campeonato do Mundo continua a ser uma pequena aventura. Para chegaram à zona de partida, esses corredores têm a solução utilizada pelo Egipto: vão de táxi!
Portugal, este ano com mais responsabilidade, por defender o título mundial de Rui Costa, faz boa figura, ao somar às viaturas da federação o autocarro emprestado por Luís Almeida, da LA Alumínios-Antarte. Não é um veículo do WorldTour, mas quem o vê não nota a diferença.
O parque das equipas, sendo interessante, está no entanto totalmente afastado dos olhares do público. Obcecada pela segurança, a União Ciclista Internacional tem-se afastado das origens da modalidade - famosa pela proximidade com as pessoas - e este Mundial, com múltiplas zonas vedadas, é o melhor dos exemplos dessa política.
