
Carlos Arredondo é protagonista de uma história pessoal terrível, tendo perdido dois filhos em anos recentes e tentado imolar-se pelo fogo. Ontem foi dos primeiros a correr em socorro das vítimas das explosões
Corpo do artigo
Como que para contrabalançar a devastação causada por tragédias como a da Maratona de Boston, surgem sempre histórias de heróis mais ou menos anónimos. Pois este começou por ser um desses heróis incógnitos mas rapidamente se tornou conhecido, em parte fruto de uma história pessoal igualmente catastrófica.
Chama-se Carlos Arredondo e, aos 52 anos, este imigrante da Costa Rica nos Estados Unidos ganhou fama por ter surgido em várias das imagens da zona de chegada da Maratona de Boston, logo após as explosões, procurando ajudar pessoas feridas. Os longos cabelos e o chapéu de cowboy tornaram a sua figura fácil de identificar, podendo ser visto a correr para afastar as barreiras metálicas de cima de feridos.
Segundo testemunhas, usou a própria roupa e toalhas para ajudar a estancar hemorragias, sendo visto numa imagem a pressionar uma artéria que sangrava na perna destroçada de um homem que era transportado numa cadeira de rodas. "Não parei de falar com ele. Dizia-lhe: 'Fica comigo, fica comigo", declarou Arredondo ao jornal "Maine Today".
Arredondo é, no entanto, protagonista de uma tragédia pessoal. Aliás, estava na Maratona de Boston para saudar um atleta que foi correr em meória do seu filho, Alexander Arredondo, que era do corpo de marines dos EUA e em 2004 foi assassinado por um sniper no Iraque. O pai, por sua vez, tentou imolar-se pelo fogo dentro de uma carrinha em reação à morte do filho, não morrendo mas ficando com queimaduras graves.
Depois, tornou-se um ativista pela Paz em memória do filho, mas em dezembro de 2011 perdeu outro filho: Brian, então com 24 anos, que entrara em depressão pela morte do irmão e começara a consumir drogas, suicidou-se.
No meio da tragédia pessoal e de quantos estavam na zona das explosões de Boston, Carlos Arredondo acabou por ter um momento de glória.
