
Andrea Agnelli, presidente da Juventus, é apologista de um modelo da Liga dos Campeões que garanta presença e receitas a um grupo fixo de clubes
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O confronto de ontem entre Bayern e Juventus, dos oitavos de final da Liga dos Campeões, serviu para ressuscitar a Superliga Europeia e as diferentes perspetivas sobre o futuro da Liga dos Campeões, mesmo no seio do restrito grupo dos clubes mais poderosos da Europa.
Rummenigge e Andrea Agnelli, presidentes do Bayern e da Juventus, representam e têm promovido ativamente esse desejo de inovação embora com visões distintas para o futuro do futebol europeu de topo, que, conforme recordou o enviado especial a Munique do jornal italiano "La Gazzetta dello Sport", está a ser decidido este ano. Uma nova Champions, com maior número de jogos e lugar garantido para os tubarões europeus - evitando a lotaria do "play-off", por exemplo -, logo, receitas fixas mais avultadas; ou uma Superliga, fechada, ao estilo norte-americano como foi sugerido na reunião entre donos dos maiores clubes ingleses (muitos dos EUA!), que não estão nada agradados com a campanha do Leicester - leia-se privar um deles de um lugar na Liga dos Campeões...
Agnelli é apologista deste último modelo, que além de garantir presença e receitas a um grupo fixo de clubes (Real Madrid, Barcelona, At. Madrid, Juventus, Inter, Milan, Man. United, Liverpool, Arsenal, Chelsea, PSG, Bayern, FC Porto e talvez Ajax), dar-lhes-ia poder de decisão. E permitiria abrir a porta, a cada temporada, a outros que se destaquem nos respetivos campeonatos.
Agnelli é a cara de uma corrente que acredita ser possível aumentar os 1600 milhões de euros anuais que vale a Champions, aproximando-a dos valores da NFL, o campeonato de futebol americano dos "states", na casa dos seis ou sete mil milhões de euros. Já Rummenigge, escreve o jornalista da "Gazzetta", tem mostrado preferência por uma evolução em vez de revolução - sempre e quando clubes como o seu Bayern tenham lugar e acesso garantido aos milhões!
O que parece certo é estar-se a caminhar na direção da mudança, até porque o modelo das provas europeias em vigor termina em 2017/18 e qualquer decisão terá de ser tomada ainda este ano para que no próximo sejam negociados os contratos a partir de 2018. Ficar fora da Champions é um risco (financeiro) que nenhum grande clube (e grande gastador) pode correr, mas, e como sublinha o jornalista transalpino, esta ideia da Superliga poderá estar somente a servir como forma de pressão, para encostar à parede "uma UEFA enfraquecida pelo castigo a Platini e o salto de Infantino", fazendo lembrar o início da década de 1990, quando a Taça dos Campeões deu lugar à Liga dos Campeões.
