
Cidadão franco-mauritano sujeito à humilhação racista no metro de Paris não vai a Londres ver o Chelsea-PSG
Indignado com as imagens do episódio racista protagonizado por adeptos do Chelsea em Paris, antes do PSG-Chelsea, José Mourinho convidou Souleymane, o cidadão franco-mauritano impedido de entrar no metro pelos adeptos ingleses, a viajar até Londres para assistir ao jogo da segunda mão entre as duas equipas. A resposta foi não. "Fiquei sensibilizado com o convite de Mourinho, mas não tenho cabeça, neste momento, para entrar num estádio", justificou-se, em declarações ao jornal "Le Parisien", já depois de ter recebido um telefonema de François Hollande, presidente francês, a elogiar-lhe a coragem mostrada durante o ato racista de que foi vítima e também a forma ponderada como abordou o assunto nas declarações públicas que fez entretanto, isto numa altura em que a França vive um período de tensão após o atentado ao jornal satírico "Charlie Hebdo".
Recorde-se que Souleymane, um francês de 33 anos com raízes na Mauritânia, tentou várias vezes, e de forma pacífica, apesar de até ser cinturão negro de taekwondo, entrar na carruagem dos adeptos, que lhe negaram esse direito entoando cânticos racistas.
Ontem, envergonhados ainda pelo incidente, os adeptos do Chelsea que estiveram em Stamford Bridge para ver o jogo com o Burnley reprovaram o episódio e demarcaram-se dos comportamentos de Paris, exibindo uma faixa com uma mensagem clara. "Black or White we"re all Blue" - "Brancos ou Pretos, somos todos Azuis" - lia-se, enquanto nos placares publicitários passava uma mensagem igualmente importante. "Apoiar o Chelsea é apoiar a igualdade".
O clube inglês condenou publicamente os adeptos envolvidos na cena do metro parisiense que chocou o mundo, abriu uma investigação para apurar a identidade dos agressores e impediu já três deles de entrarem em Stamford Bridge, admitindo que essa proibição passe a ser definitiva depois de estar concluído o inquérito que visa clarificar o envolvimento.
