Nem só a passagem aos quartos no Mundial de Sub-20 da Nova Zelândia foi celebrada, anteontem, entre os portugueses: o portista Chico Ramos vibrou com a subida do Varzim à II Liga, que animou a rivalidade com Nelson Monte, do Rio Ave, à margem da preparação
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Se eles são amigos? "A bem dizer, melhores amigos" esclarece Nelson Monte, central do Rio Ave que partilha quase tudo com Chico Ramos, incluindo a presença na Seleção de Sub-20 que disputa, amanhã, os quartos de final, com o Brasil. Divide-os, porém, o futebol das origens, que traz o médio do FC Porto em estado de graça pelo regresso do Varzim à II Liga, o final perfeito do longo dia da vitória sobre a Nova Zelândia, em Hamilton.
A ressaca das vitórias é boa e, nalguns casos especialíssimos, até mesmo quando se trata do rival. Quando se pergunta a Nelson Monte se desejava a subida do Varzim, o central de Vila do Conde admite logo que, "no fundo, no fundo, não queria", e solta uma gargalhada que soa a provocação aos ouvidos felizes de Chico Ramos, poveiro, filho de glória varzinista - Vitoriano, que também vestiu a camisola do FC Porto - e irmão do defesa Hernâni, um dos protagonistas do regresso do emblema daquela terra de mar ao futebol profissional. "Falei com a malta que lá foi ver, estou muito contente", contou o médio que, tal como o melhor amigo, fica a torcer por um sorteio favorável à rivalidade, "na Taça da Liga", enquanto faz contas a nova subida até ao patamar do Rio Ave: "Mais um aninho e já nem é preciso da Taça de Portugal nem Taça da Liga".
A festa do Varzim, do outro lado do mundo, tornou ainda melhor a longa noite do apuramento para os quartos de final, que os amigos viram de fora. Nélson Monte ficou no banco e Chico Ramos, castigado, assistiu ao 2-1 com a Nova Zelândia na bancada, onde ficou com a certeza de que estar de fora "é pior a 100 metros do relvado" do que junto dos suplentes: "É muito mais difícil, ficamos muito nervosos. Nos últimos minutos, fui lá para baixo, já não aguentava. Mas, acreditei sempre". As dificuldades inéditas que Portugal experimentou, no jogo em que se viu pela primeira vez igualado no marcador (1-1, na segunda parte), não tiraram o sono ao médio. "Eles tinham o fator casa a favor, e eram os oitavos de final, seria sempre difícil. Tivemos menos posse de bola, menos oportunidades, mas, eles não criaram perigo", notou, pronto para o Brasil e, desta vez, de acordo com o amigo e rival Nélson Monte na antecipação dos quartos de final: "Individual e coletivamente, o Brasil é muito forte. Quem errar menos vai ganhar o jogo".